Lá se vão 34 anos desde que Paulo Cézar Moraes da Cruz, de 43 anos, o Paulinho, pôs os pés pela primeira vez na CEASA/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul). Ele começou a trabalhar na instituição ajudando o pai, que era vendedor de frutas, foi carregador, ambulante e hoje vende de tudo na única loja de utilidades da instituição.
A história do comerciante que se reinventou enquanto acompanhava o crescimento das Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul abre a série especial que celebra os 45 anos da CEASA/MS.
Paulinho: de changueiro a comerciante
A relação de Paulo com a CEASA/MS começou quando ele tinha apenas 9 anos. Naquela época, o comerciante ajudava o pai na venda de frutas em uma das “pedras”, como são chamados os módulos ocupados pelos pequenos produtores da CEASA/MS. Muitos tios e tias dele também trabalharam por anos oferecendo seus produtos na instituição.
“Meu pai vendia frutas da estação: abacate, manga, jaca; comprava nas chácaras da região e eu ajudava ele. Eu não tinha remuneração nenhuma, mas, através dele, fui fazendo amizade com o pessoal e comecei a trabalhar nos outros boxes da CEASA/MS”, lembra Paulo.
Por 15 anos, Paulo foi changueiro na CEASA/MS, ou seja, ele descarregava e transportava pilhas de caixas de verduras, frutas e legumes de um lado para o outro. Ele perdeu a conta da quantidade de empresas para as quais prestou serviço na instituição até que um problema de saúde o obrigou a desacelerar.
Por recomendação médica, Paulo teve de parar de fazer esforço físico, mas nem por isso abandonou a CEASA. Novamente, por incentivo do pai, Paulinho decidiu virar vendedor ambulante e atender os funcionários da instituição.
“Meu pai me deu a ideia, porque eu já conhecia todo mundo aqui na CEASA. Então, comecei a vender os produtos que vendo hoje, só que como ambulante. Eu colocava as mercadorias no meu carro: casaco, botina, roupas; e ia de box em box oferecendo. Na minha primeira viagem para Goiânia, eu vendi uma moto para comprar mercadoria”, comenta.
O negócio deu certo, mas com o tempo surgiu um novo desafio. O grande fluxo de vendedores ambulantes de salgados levou a antiga direção da CEASA/MS a proibir a entrada de vendedores ambulantes na empresa. Mas nem a nova regra foi capaz de afastar Paulo da CEASA/MS.
“Eu fui até a direção e expliquei que meu trabalho era diferente, que eu não vendia salgados, que já trabalhava aqui desde criança, e que minha família também estava aqui. Sensibilizei a direção com minha história e eles decidiram me dar a oportunidade de continuar vendendo meus produtos na CEASA/MS”, explica Paulo.
Na ocasião, Paulo também pediu que a empresa cedesse um espaço onde ele pudesse vender seus produtos e sair da informalidade. O pedido foi atendido! No ano de 2020, Paulo inaugurou o próprio box no bloco II da CEASA/MS.
Mesmo no pequeno espaço de 16 m², Paulinho presta um serviço essencial para as centenas de trabalhadores que ofertam seus produtos na CEASA/MS diariamente. Na lojinha, ele vende de tudo: carregadores de celular, EPIs, recargas para celular, roupas, mochilas, bolsas, fones de ouvido, chaveiros e até utensílios domésticos.
Até o horário de funcionamento foi pensado para melhor atender os clientes que chegam de todo o Brasil. A loja Paulinho Presentes funciona das 4h às 10h.
“Eu acredito que minha loja presta um serviço de utilidade pública aqui dentro. A CEASA recebe pessoas de vários estados, trabalhadores que passam a maior parte do tempo aqui dentro. Então, se eles precisam de uma recarga de celular, de um chip ou se rasgam uma roupa, por exemplo, eles vêm aqui”, defende.
O vai e vem de pessoas, carregadores e empilhadeiras em frente ao box do Paulinho é intenso, mas todos fazem questão de mandar um “bom dia, Paulinho” quando passam, reflexo da relação de confiança e amizade que ele construiu com todos dentro da instituição.
“Eu conheço todos os funcionários da CEASA/MS, vendo para eles no crediário, quase todos têm crédito aqui, porque sempre tivemos essa parceria”, comenta Paulo.
Paulo tem a ajuda da esposa, a professora Alessandra Pereira Lemos da Cruz, de 41 anos, no negócio. Juntos, eles tiveram dois filhos, um menino de 13 anos e uma menina de 17 anos. Para a família, a CEASA/MS é muito mais do que uma fonte de renda.
“A CEASA é a minha segunda casa, a gente zela daqui, a gente cuida do que cabe a nós, então só tenho a agradecer, primeiramente a Deus, e segundo à administração, que me deu essa oportunidade. A CEASA, na minha vida e na minha família, é a nossa provedora na questão financeira, mas também é aqui onde eu cultivo amizades”, conclui Paulo.