Ao garantir o abastecimento do comércio e dos lares de Mato Grosso do Sul com os hortigranjeiros produzidos nos quatro cantos do país, a CEASA/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) desempenha um papel crucial na alimentação dos sul-mato-grossenses, fornecendo o que há de melhor em frutas, verduras e legumes. Uma dieta rica nesses alimentos traz inúmeros benefícios para a saúde, conforme explica a nutricionista Maria Tainara Soares Carneiro Vitorino.
“Uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes (FLV) é essencial para o bom funcionamento do organismo, pois fornece uma variedade de vitaminas, fibras, minerais, antioxidantes e fitoquímicos que atuam em diversos processos vitais”, comenta Maria Tainara.
Entre os principais micronutrientes fornecidos, destacam-se:
- Vitamina A – essencial para a saúde dos olhos, fortalecimento da imunidade e manutenção da integridade da pele.
- Vitamina C – potente antioxidante; auxilia na absorção de ferro e no fortalecimento do sistema imunológico.
- Vitamina K – importante para a coagulação sanguínea e a saúde óssea.
- Complexo B – participa do metabolismo energético e do bom funcionamento do sistema nervoso.
Conforme a nutricionista, as fibras alimentares:
- regulam o funcionamento do trânsito intestinal e previnem a constipação;
- auxiliam no controle da absorção de glicose e colesterol no sangue;
- aumentam a saciedade e contribuem para uma microbiota intestinal saudável.
Os minerais também são cruciais para o bom funcionamento do organismo:
- Potássio – ajuda no controle da pressão arterial e na contração muscular;
- Magnésio – envolvido em várias reações enzimáticas essenciais no organismo;
- Ferro – necessário para a formação da hemoglobina e o transporte de oxigênio;
- Cálcio – essencial para a saúde óssea e muscular.
“Por isso, o consumo regular desses alimentos está associado à prevenção e ao controle de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemias”, completa a nutricionista.
Como ter uma dieta equilibrada na correria do dia a dia
Maria Tainara ressalta que, mesmo com a correria do dia a dia, é possível manter uma dieta equilibrada, adotando hábitos simples.
“Com pequenas estratégias e um pouco de planejamento, é possível inserir frutas, verduras e legumes na rotina de forma prática e saborosa”, comenta.
Entre as orientações da especialista, estão:
- Organizar as compras
- Reserve um dia da semana (ou a cada 15 dias) para fazer as compras de FLV;
- Dê preferência aos alimentos da safra, pois são mais baratos, nutritivos e saborosos;
- Compre frutas em diferentes estágios de maturação para que durem a semana toda.
- Incluir frutas, legumes e verduras nas refeições
- Deixe saladas cruas já higienizadas e armazenadas para facilitar o consumo no almoço e no jantar;
- Varie as preparações: utilize legumes refogados, assados, grelhados, em purês, tortas, sopas ou como recheios;
- Faça combinações simples e rápidas, como arroz, feijão, legumes cozidos e uma salada crua colorida.
- Tenha sempre frutas para lanches rápidos no dia a dia:
- Consuma in natura, com iogurtes, em vitaminas ou como sobremesa natural;
- Deixe porções prontas em potes na geladeira ou carregue frutas inteiras na bolsa.
- Tenha legumes congelados (como abóbora, couve, brócolis e cenoura) prontos para preparo rápido
- Higienize as verduras e armazene em potes ou sacos plásticos para uso durante a semana, poupando tempo no dia a dia.
Outra dica preciosa é o consumo frequente de sucos naturais feitos na hora, sem adição de açúcar e, sempre que possível, com polpa ou bagaço, preservando as fibras.
Queda na comercialização de frutas e hortaliças
Apesar desses inúmeros benefícios, o consumo de frutas, verduras e legumes cai a cada ano, apontam estudos. O consumo de frutas e hortaliças registrou queda especialmente entre 2015 e 2023, segundo o estudo “Consumo de frutas e hortaliças entre adultos brasileiros: tendências de 2008 a 2023”, publicado em fevereiro de 2025 na revista Cadernos de Saúde Pública, por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a ingestão de cinco porções diárias de frutas e hortaliças em pelo menos cinco dias da semana, mas apenas 22,5% da população adulta brasileira segue essa recomendação.
Esse fenômeno também tem reflexo na CEASA/MS. A instituição registrou queda no volume de hortigranjeiros comercializados nos três primeiros meses de 2025. Entre janeiro e março, foram comercializadas 52.394.020 toneladas de produtos — volume 2,07% inferior ao do mesmo período do ano passado, quando 53.502.415 quilos foram vendidos.
A retração foi ainda mais acentuada no caso das frutas e hortaliças importadas. Enquanto em 2024, 533.832 quilos desses produtos vieram do exterior no primeiro trimestre, em 2025 o total caiu para 221.804 quilos — uma queda de 58,45%.
Outro estudo do Nupen/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) revelou que, entre 2008 e 2018, o consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil cresceu, em média, 5,5%. A pandemia de Covid-19 também teve efeitos negativos sobre a alimentação da população, impulsionando o consumo de alimentos com altos teores de gorduras e conservantes.
Em 2019, 80,6% dos entrevistados afirmaram consumir hortaliças. Em 2021, esse número caiu para 75,8%. No caso das frutas, a queda foi de 67,8% para 61,3%, conforme levantamento de cientistas da USP e da UFMG. Por outro lado, nesse mesmo período, cresceu a ingestão de refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos, margarinas, molhos industrializados e refeições prontas (como macarrão instantâneo, sopas de pacote ou pratos congelados).
Risco do consumo de ultraprocessados
A nutricionista chama a atenção para o risco do consumo exagerado desses produtos:
“Os principais riscos são: ganho de peso e obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, comprometimento da microbiota intestinal”, comenta Maria Tainara.
A nutricionista explica que os alimentos ultraprocessados são produtos industriais elaborados principalmente a partir de substâncias extraídas de alimentos, como óleos, gorduras, açúcares, amido e proteínas, além de ingredientes derivados, como gorduras hidrogenadas e amido modificado.
Muitos componentes são sintetizados em laboratório a partir de matérias-primas como petróleo e carvão, como corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e diversos aditivos que conferem propriedades sensoriais atrativas aos produtos. As técnicas de fabricação envolvem processos como extrusão, moldagem e pré-processamento por fritura ou cozimento.
Diante desse cenário, a nutricionista revela uma dica de ouro, que vai ao encontro da missão da CEASA/MS de oferecer sempre produtos frescos e de qualidade:
“Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias, em vez de alimentos ultraprocessados. Opte por água, leite e frutas no lugar de refrigerantes, bebidas lácteas e biscoitos recheados. Não troque a ‘comida feita na hora’ (caldos, sopas, saladas, molhos, arroz com feijão, macarronadas, refogados de legumes e verduras, farofas, tortas) por produtos que dispensam preparação culinária (como sopas de pacote, macarrão instantâneo, pratos congelados prontos para aquecer, sanduíches, frios e embutidos, maioneses e molhos industrializados, misturas prontas para tortas)”, conclui Maria.